Cena típica: levo meu filho de carro para a escola particular, e no sinal fechado, topamos com crianças malabares que honrosamente vêm à janela em busca de algum trocado. Ele me pergunta: - porque? Fico sem resposta, enquanto um tratado sociológico roda em background na minha cabeça em busca da explicação. E enquanto me preocupo(!), eles, os políticos, se "ocupam" de criar fabulosos planos de auto-remuneração progressiva. Em efeito dominó, a corrupção em cadeia (!?) vai contaminando todas as camadas e estruturas, até chegar na nossa casa. Vai explicar.
Entender o que se passa é o primeiro passo. Educação é patrimônio, de cada pessoa, do país. Patrimônio que, por sorte, é pessoal e transferível. Nesse panorama, me parece que educar é preciso, e poéticamente gosto de dizer que só a arte salva (arte de qualquer ofício - para se fazer ou degustar). Não adianta tapar o sol com a peneira. As diferenças sociais são tão abismais que interferem no dia-a-dia da mais alienada das criaturas. A falta de perspectiva latente reage de forma violenta, na vida de quem não tem mais nada a perder.
Seja então o caso de partir para a ação: ação social, voluntariado, cidadania. Arregaçar as mangas na base do faça-você-mesmo. Ou apoiar e divulgar quem faz e tem iniciativa, ou pelo menos, refletir. Em escala micro, média ou macro, pode-se fazer o que é possível - saindo do mero pensamento positivo (!), ao menos trocar idéias. Já dizia uma amiga: para conseguir é preciso tentar. E ninguém disse que era fácil.
Não dá para manter a visão idílica dos anos de chumbo. A mera polarização - esquerda, direita, volver - prá lá de demodê, encontra um cenário complexo de ideologias, fanatismo e pragmatismo. Por sorte a alma se alimenta de pequenas realizações, ainda mais se temperados de literatura, cinema, teatro, música, arte ou ainda artesanato. E a vida começa a fazer sentido.
Trazendo um pouco esperança no ar, renovando a aridez que nos assola a confiança no futuro, algumas iniciativas têm alcançado belos resultados. São aquelas que passam ao largo de abordagens paternalistas ou meramente assistencialistas, ou de ONGS em benefício a causas próprias. Interferência na realidade buscando transformá-la. Nesse caso, para melhor.
Inspirando a todos nós, aqui e ali há exemplos conhecidos. Realidades paralelas de transformação. Na área da moda, o Coopa-Roca, da Tetê Leal, visionária que levantou esse projeto na Rocinha há quase 30 anos, com resultados incríveis. Em Sampa, a Cooperifa de Sergio Vaz recebeu uma matéria na revista Época (domingo, dia 8/3/09) sobre seus saraus de poesia e o projeto Cinema na Lage que acontecem na periferia. Mas o que me encantou - aliás emocionou de verdade, sem nenhuma condescendência - foi conhecer o Galpão Aplauso, um projeto onde jovens de baixa renda recebem educação artística com nível profissionalizante de qualidade, trabalhando com visível paixão naquilo que fazem.
A diferença está na possibilidade de trazer perspectiva de vida fértil e produtiva para muita gente que a princípio não tem acesso a muita coisa interessante na vida. Sobrevivência e só. Pura injustiça. A gente não quer só comida. Toda a gente. E quando tem diversão e arte a coisa muda de figura, passa a valer a pena construir e evoluir. Alguém tem uma boa idéia?
Entender o que se passa é o primeiro passo. Educação é patrimônio, de cada pessoa, do país. Patrimônio que, por sorte, é pessoal e transferível. Nesse panorama, me parece que educar é preciso, e poéticamente gosto de dizer que só a arte salva (arte de qualquer ofício - para se fazer ou degustar). Não adianta tapar o sol com a peneira. As diferenças sociais são tão abismais que interferem no dia-a-dia da mais alienada das criaturas. A falta de perspectiva latente reage de forma violenta, na vida de quem não tem mais nada a perder.
Seja então o caso de partir para a ação: ação social, voluntariado, cidadania. Arregaçar as mangas na base do faça-você-mesmo. Ou apoiar e divulgar quem faz e tem iniciativa, ou pelo menos, refletir. Em escala micro, média ou macro, pode-se fazer o que é possível - saindo do mero pensamento positivo (!), ao menos trocar idéias. Já dizia uma amiga: para conseguir é preciso tentar. E ninguém disse que era fácil.
Não dá para manter a visão idílica dos anos de chumbo. A mera polarização - esquerda, direita, volver - prá lá de demodê, encontra um cenário complexo de ideologias, fanatismo e pragmatismo. Por sorte a alma se alimenta de pequenas realizações, ainda mais se temperados de literatura, cinema, teatro, música, arte ou ainda artesanato. E a vida começa a fazer sentido.
Trazendo um pouco esperança no ar, renovando a aridez que nos assola a confiança no futuro, algumas iniciativas têm alcançado belos resultados. São aquelas que passam ao largo de abordagens paternalistas ou meramente assistencialistas, ou de ONGS em benefício a causas próprias. Interferência na realidade buscando transformá-la. Nesse caso, para melhor.
Inspirando a todos nós, aqui e ali há exemplos conhecidos. Realidades paralelas de transformação. Na área da moda, o Coopa-Roca, da Tetê Leal, visionária que levantou esse projeto na Rocinha há quase 30 anos, com resultados incríveis. Em Sampa, a Cooperifa de Sergio Vaz recebeu uma matéria na revista Época (domingo, dia 8/3/09) sobre seus saraus de poesia e o projeto Cinema na Lage que acontecem na periferia. Mas o que me encantou - aliás emocionou de verdade, sem nenhuma condescendência - foi conhecer o Galpão Aplauso, um projeto onde jovens de baixa renda recebem educação artística com nível profissionalizante de qualidade, trabalhando com visível paixão naquilo que fazem.
A diferença está na possibilidade de trazer perspectiva de vida fértil e produtiva para muita gente que a princípio não tem acesso a muita coisa interessante na vida. Sobrevivência e só. Pura injustiça. A gente não quer só comida. Toda a gente. E quando tem diversão e arte a coisa muda de figura, passa a valer a pena construir e evoluir. Alguém tem uma boa idéia?